As mulheres entre nós!

9 de março de 2017 - 18:57

Pelo 2o QOABM Ten Luciano Viana

Historiador e Escritor


Nas páginas da História encontram-se registrado algumas datas marcantes e que passaram a ser lembradas em virtude de acontecimentos que se eternizaram na memória da humanidade.


No rol dessas datas, queremos aqui nos reportar a oito de março de 1908, do Calendário Cristão, dia instituído em honra a 129 mulheres operárias de uma indústria têxtil de Nova Iorque, que tiveram suas vidas ceifadas por um grande incêndio de origem criminoso, eclodido nessa empresa no momento em que se encontravam lutando por melhores condições de trabalho e salário, tendo em vista que naquela época desempenhavam atividades com carga horária extremamente desgastante e em condições precárias.


Em consequência desse fatídico sinistro, dois anos depois, um congresso de trabalhadoras americanas propôs que essa data fosse consagrada como símbolo das lutas femininas, tendo ficado a partir de então, o oito de março lembrado como o Dia Internacional da Mulher, uma forma de homenagear não somente as mulheres mortas nesse combate, mas todas as demais mulheres do nosso planeta.


A partir desse marco histórico negativo, as mulheres passaram a lutar com mais força por direitos iguais, visando melhor participação no mercado de trabalho e nas decisões que envolvem importantes questões mundiais.


No Brasil, as transformações sociais e tecnológicas surgidas a partir de então, levaram as mulheres a uma nova postura ocupacional, passaram também a se ocupar em atividades diversas, apresentando suas habilidades, competências, aptidões e conhecimentos, tornando-se assim mais independentes na sociedade ainda relativamente patriarcal em que vivemos.


No meio militar, as ocupações de cargos por mulheres não foi diferente em relação a outras áreas; também elas ganham seu próprio espaço e reduzem os preconceitos e as diferenças enfrentadas no convívio social.

“A mulher tem dado provas de não haver mais profissão essencialmente masculina, em todos os segmentos ela marca presença e se destaca pela competência e eficiência, inclusive, nos corpos de bombeiros. Apesar de o efetivo feminino, em todas as corporações do Brasil, ser em número bem menor do [que o do] masculino, as mulheres têm demonstrado grande interesse pela profissão e buscado os cursos de formação, nos quais são capacitadas para exercerem as mesmas tarefas dos homens”. (Vale 2012: 28).


A sábia decisão dos corpos de bombeiros, de abrir espaço para as mulheres, permitindo seu ingresso na instituição, fortalece, abrilhanta e embeleza os casarões vermelhos brasileiros, trazendo a estes o toque feminino – charme, beleza e elegância.


“Em São Paulo, o primeiro registro de mulheres engajadas no Corpo de Bombeiros ocorreu durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Elas foram empregadas para suprir a falta do efetivo masculino destacado para as frentes de luta. Passaram-se décadas até que, em 1991, formou-se a primeira turma de 40 bombeiras, com cinco oficiais, denominadas Pioneiras do Fogo”. (Vale, 2012: 29).


Já no Estado do Ceará, o primeiro ingresso de mulheres nas fileiras do Corpo de Bombeiros deu-se em 12 de dezembro de 1994, com a inclusão das Cadetes Diana Maria Veras Feitosa e Roberta Barbosa Teixeira. (Nascimento, 2014: 254).


O ingresso de mulheres nas fileiras do CBMCE teve continuidade; ao longo do tempo, algumas outras foram aprovadas no Curso de Formação de Oficiais, tornando-se consequentemente oficiais; como exemplo, podemos aqui citar a Major Rosana Busson Cavalcante, de saudosa memória, egressa do Curso de Formação de Oficiais da Academia de Polícia Militar Gal. Edgard Facó (já extinta) e incorporada em nossa instituição em 1996; as atuais Majores Ana Paula Pereira Godinho, Maria Mônica Pinheiro da Costa e Ryna Samilly Jardim da Silva (a primeira mulher a comandar uma seção de bombeiros no interior do Estado, tendo sido designada para ser a comandante da Seção de Bombeiros de Limoeiro do Norte, desde o início deste ano de 2017), que ingressaram no CBMCE no início do ano de 1999, assim como as Capitãs Ana Priscila Melo Jardim, Juliany Freire de Oliveira Leite (Assessora de Comunicação do CBMCE, a primeira mulher a ser nomeada para exercer esta relevante função, em nosso Casarão Vermelho) e Sâmila de Sousa Ribeiro, além da Aspirante Bia Úrsula Uchoa de Medeiros, que se incorporaram na instituição em 2006.

 

 

 

 

 

Da esquerda para a direita: Major Busson, Major Samilly, Tenente-Coronel Diana, Tenente-Coronel Roberta e as Majores Ana Paula e Maria Mônica.


No início de 2009, com a entrada de várias jovens para frequentar o Curso de Formação de Soldados de Fileira, surgiram as primeiras praças permanentes do sexo feminino na corporação. Em 2016 foram todas promovidas à graduação de Cabo.


As mulheres não param de conquistar seu espaço no CBMCE, no período de 2014-2016, nossa corporação teve o prazer de incorporar em suas fileiras mais dois grupos de mulheres, que após concluírem com aproveitamento o curso de formação para as carreiras de oficiais e praças, passaram a executar missões que até recentemente eram atribuídas, com exclusividade aos homens.