Corpo de Bombeiros do Ceará sugere medidas de prevenção contra afogamentos

19 de abril de 2021 - 10:12 # # # # #

Texto: 1º Tenente Francisco Eduardo Fideles Dutra

Corpo de Bombeiros do Ceará sugere medidas de prevenção contra afogamentos

Corpo de Bombeiros sugere prevenção contra afogamentos

Corpo de Bombeiros sugere prevenção contra afogamentos. De acordo com o Ministério da Saúde, por meio do Data SUS, no Brasil, desde 2005, 26.325 pessoas morreram em decorrência de afogamentos acidentais. Em 2018 foram 4.826 mortes por afogamentos ou submersão acidentais. Enquanto que em 2019 foram 4.763 mortes. Para se ter maior dimensão do problema, isso significa 12 mortes a cada 24 horas. Contudo, os números fazem parte de levantamento feito, com base nos balanços do Ministério da Saúde.

Em 2020, até maio, foram registrados 1.422 óbitos por afogamento acidental. Deles, a maior parte – 746 – foi em áreas naturais de águas. Os meses pré-pandemia impulsionaram os números: janeiro a março representaram 84% do total. Em comparação com 2019, no mesmo período de tempo, houve uma redução de 22%.

O afogamento ocorre de forma acidental, geralmente em situações de lazer, quando poucos cogitam a possibilidade de uma tragédia. São situações que nos remetem ao acaso e, portanto muito difíceis de serem evitados. Porém, afogamentos não são acidentes, não acontecem por acaso. É importante ressaltar que eles são passíveis de medidas preventivas, que são a melhor forma de tratamento!

“Afogamento não é acidente, não acontece por acaso, tem prevenção, e esta é a melhor forma de tratamento”, ressaltou o médico David Szpilman, em boletim da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa).

Levantamento da ONG Criança Segura aponta essa como a segunda maior causa de morte acidental e a sétima de hospitalização entre crianças. E, diferentemente dos jovens, as piscinas residências são as maiores vilãs: 59% das mortes na faixa de 1 a 9 anos ocorrem nelas.

Reflexão

Igualmente, esta situação alarmante e pouco divulgada inspirou o The New England Journal of Medicine a publicar um artigo de revisão sobre afogamento em edição recente, que alerta para importantes questões:

Os registros de afogamento em todo o mundo subestimam o número total de mortes, e não contabilizam situações catastróficas, como enchentes, tsunamis e acidentes de barcos como parte do problema. Todavia, o maior fator de risco para a morte por afogamento é a falta (ou o descuido) na supervisão de crianças por um adulto. Quando comparamos o risco de óbito por afogamento ao risco por acidente de trânsito, o afogamento chega a ter um risco 200 vezes maior. Enquanto que a segurança na água provida por salva-vidas não substitui a supervisão dos pais ou responsáveis.

Se a prevenção falhar!

Se a prevenção falhar, a vítima que é resgatada a tempo de evitar a aspiração de água pode ser liberada diretamente do local do acidente. Mas se o processo de afogamento não for interrompido, a impossibilidade de conseguir oxigênio rapidamente leva à parada respiratória e, em seguida, à parada cardíaca. Entretanto, pessoas sem habilidade para ajudar se podem se afogar e até morrer tentando salvar outras vítimas de afogamento. Para estas pessoas, a melhor forma de ajudar é chamar um salva-vidas. Contudo, diferentemente das paradas cardíacas que ocorrem fora da água, o afogamento necessita de ventilação boca-a-boca e as novas medidas de “somente compressão” trazem menos benefícios na hora de ressuscitar.

Como mensagem mais importante, o artigo estima que 85% dos afogamentos no mundo poderiam ser evitados através da supervisão e que todo caso de afogamento sinaliza a falha na prevenção, a intervenção mais importante de todas. Alguns serviços de salvamento tem demonstrado cientificamente como é benéfica a realização de programas de prevenção, e conseguiram uma importante redução no número de óbitos, então porque não multiplicá-los?

Veja como prevenir

Ao contrário do que se imagina, afogamentos ocorrem de maneira silenciosa. A típica cena da vítima debatendo-se na água e gritando por socorro é pouco descrita por testemunhas. Em síntese, para evitar incidentes do tipo, o Corpo de Bombeiros sugere prevenção e elenca dicas de prevenção:

– Inicialmente, qualquer reservatório de líquidos (baldes, bacias, banheiras, tanques) deverá ser esvaziado após uso.

– Manter cisternas, tonéis, poços e outros reservatórios domésticos trancados ou com alguma proteção que não permita “mergulhos”.

– Em passeios de barco e afins usar sempre o colete salva-vidas – é mais seguro que flutuadores (boias de braço, câmara de pneu, prancha).

– Nunca ingerir álcool ou outras drogas à beira de piscinas, lagos, rios ou em embarcações.

– Ler e respeitar avisos de segurança em locais públicos, como praias.

– Procurar locais onde haja salva-vidas e não mergulhar em águas turvas.

– Procurar nadar longe de cais, embarcações, rochas e correntezas. Em lagoas e represas geralmente se desconhece sua profundidade e a existência de eventuais buracos.

– Nunca desafiar seus próprios limites.

Com crianças, atenção dobrada

– Conservar a tampa do vaso sanitário fechada, se possível lacrado com algum dispositivo de segurança “à prova de criança” ou manter a porta do banheiro trancada.

– Crianças não devem ser deixadas sozinhas na banheira. Na hora do banho, procurar ter tudo em mãos (toalha, sabonete, roupa) para não se ausentar do local.

– Piscinas e similares devem ser adequadamente cercadas (1,5 m de altura e espaço entre grades menor ou igual a 12 cm) e de preferência com portão e tranca. A presença de brinquedos dentro da piscina deve ser evitada.

– Ao construir a piscina residencial deve-se obedecer a normas técnicas de segurança, tais como a profundidade permitida.

– Crianças maiores devem aprender a nadar e serem educadas a evitar brincadeiras agressivas à beira de piscinas, lagos e rios.

Texto adaptado de Dr. David Szpilman, Diretor-médico e fundador da Sobrasa

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