Bombeiros dão dicas de prevenção para velejadores de kitesurf

26 de janeiro de 2021 - 09:57 # # # # #

Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará

 

Fotografias: Léo de Castro – Jornalista e Instrutor de Kitesurf

Bombeiros dão dicas de prevenção para velejadores

Na manhã deste domingo (24), por volta das 11h45, o Corpo de Bombeiros do Ceará por meio de Guarda-vidas com o auxílio de uma moto aquática resgatou um Kitesurfista de 47 anos que ficou a deriva na praia do caça e pesca, em Fortaleza, na Área Integrada de Segurança 10 (AIS 10). Pelo exposto, os bombeiros dão dicas de prevenção para velejadores

Contexto

É importante ressaltar que o  kitesurf é classificado como um esporte radical e precisa ser praticado atendendo a diversas exigências no quesito segurança e demanda conhecimento e prudência em sua execução. Por ser um esporte que usa o vento como combustível para voar a pipa (kite) é essencial estar atento à previsão do tempo, salientando que ao contrário do que ocorre na temporada de ventos fortes no litoral do Ceará, na qual se tem um padrão de vento lateral maral (side on shore), neste período, quando começam as chuvas, não há a manutenção deste padrão, podendo ser afetado por nuvens que ocasionam mudanças repentinas na direção do vento, bem como em sua velocidade.

Tecnicamente o kitesurf para ser praticado com segurança é preciso que ocorra o correto cálculo das condições de velejo, levando em consideração o peso do praticante, o tamanho da pipa e a velocidade/direção do vento. Aliás, qualquer alteração nas variáveis velocidade/direção podem trazer risco em potencial aos praticantes.

É extremamente importante  que cada velejador faça uma análise sobre o nível em que se encontra na prática do esporte e faça uma avaliação precisa das condições climáticas. Em relação as condições climáticas, os bombeiros dão dicas prevenção para os velejadores,  que nunca se deve Velejar sozinho ou velejar quando o vento estiver off-shore (terral) sem apoio de uma embarcação; além disso, não se deve velejar quando da existência de nuvens carregadas. Exemplo: cumulonimbus ou nuvens de tempestades;

Além destas dicas, o velejador deve sempre estar atento aos efeitos físicos dos obstáculos sobre o vento tais como efeito sombra, lift, venturi e baía.

Prática segura

Igualmente, a prática segura do kitesurf envolve vários conceitos que devem ser levados em consideração objetivando elevar o nível de gerenciamento de risco, que pode ser conceituado como o conjunto de medidas/procedimentos a serem executados antes, durante e depois da prática do kitesurf a fim de mitigar os riscos envolvidos na sua execução.

O primeiro tópico relacionado é fazer um correto assentamento de risco que consiste em analisar o local, ambiente e atividades na área em que se deseja praticar o esporte. Bem como, deve-se analisar o local e o distanciamento de obstáculos a barlavento e a sotavento, sendo necessário haver uma área de segurança de pelo menos 100 metros em todas as direções a frente do equipamento. O ambiente está relacionado com a previsão do tempo e atividades está relacionada com as demais práticas no entorno do local tais como banhistas e embarcações.

Assentamento de risco também está relacionado com a montagem, pouso e decolagem do equipamento. De fato é importante respeitar todos os protocolos de segurança ao executar essas ações e a principal dica consiste em NUNCA decole/voe seu kite próximo a fios elétricos, postes, árvores ou até mesmo embarcações. Além disso, SEMPRE decolar o kite mais próximo da água possível, ou seja, o velejador deve estar olhando para a água.

Equipamentos de segurança

Em relação aos equipamentos de segurança o praticante de kitesurf deve estar atento a diversos itens. São recomendados os seguintes itens:

– Trapézio com alça;

– Leash de segurança;

– Faca de segurança;;

– Colete de flutuação classe V (50 Nw)

– Capacete específico para esportes náuticos.

Inspeção preventiva

A inspeção preventiva é um aspecto essencial pois visa verificar a regularidade das condições do equipamento, tais como a existência de microfuros ou rasgos no velame que possam comprometer a segurança. Além disso, checar linhas e o sistema de segurança da barra, bem como o seu acionamento e devido funcionamento. Condições gerais do trapézio a exemplo das fitas e integridade do gancho e sistema de fechamento. Nas pranchas checar parafusos e integralidade de bordas e quilhas. Atenção especial ao leash que deverá estar conectado na parte da frente do trapézio e em perfeitas condições de acionamento.

Procedimentos de segurança

O velejador praticante de kitesurf deverá estar atento aos procedimentos de segurança do esporte. Dentre eles vale destacar o auto resgate que deverá ser praticado em exercícios simulados regularmente. Este procedimento é de extrema importância e precisa ser incentivado no meio do kitesurf como premissa essencial de segurança. O auto resgate é o procedimento através do qual o velejador aciona o sistema de segurança (ejeta o chickloop) fazendo com que o equipamento pouse sem pressão sobre a água. A partir daí o velador recupera a barra através do leash e da linha de segurança travando-a e enrolando as linhas na sequência chegando a até pipa e deitado sobre o  bordo de ataque faz um ângulo com o kite que o trará de volta para a praia em segurança. O litoral do Ceará com a condição padrão de vento lateral maral  possui condições perfeitas para a execução desse procedimento.

O banhista sempre tem prioridade

Importante salientar que o banhista sempre tem prioridade na praia e o kitesurf deve ser praticado a pelo menos 100 metros da linha de arrebentação. O Kitesurfista não deve colocar usuários da praia em risco em função da prática do esporte.

Em síntese, essas são as linhas gerais, que contém dicas e conceitos básicos para uma prática segura do esporte. Para não falar que nunca se deve negligenciar as condições gerais de saúde e alimentação para realizar a atividade. Não apenas é importante manter boa alimentação e manter-se hidratado, mas também e valendo da máxima de não ingerir bebida alcoólica ou drogas antes de iniciar um velejo.

Contribuição do Major QOBM Carlos André Ribeiro Costa, que é um dos idealizadores e Coordenador do Projeto Kitesurf Guarda-vidas do CBMCE e atualmente é o Comandante da 3ª Cia/2º BBM – Quartel de Caucaia e Instrutor de Kitesurf ABK e AICT IKO 2020 – Ilha do Farol.

Vidas alheias e riquezas salvar!